sexta-feira, 18 de março de 2016

(Tema de escola #1 Redação)

Anjos arrependidos 

Eles estão por toda parte

 Às seis da manhã, os trabalhadores se preparam para mais um dia, todos com a mesma rotina monótona e um objetivo em comum (produzir mais que o dia anterior). Eu tenho uma banca de jornal no centro de São Paulo (capital) e posso dizer que já presenciei episódios inusitados por trás de meu balcão, mas teve um em especial que me surpreendeu e que me levaria a desistir de mim...
 Enquanto organizava jornais, um menino apareceu assustado, dizendo que havia uma mulher desesperada com uma caixa na mão. Este era Marcelo, menino de rua e amigo dos donos de banca mais antigos do centro comercial. Quando estiquei o pescoço para ver tal mulher, fiquei boquiaberta com tamanha beleza. Ela usava um agasalho de peles raras, era alta e da pele de porcelana. A moça tinha uma feição de espanto e nervosismo, oferecendo a tal caixa para cada um que passava.
 Ignorei tamanha ridiculosidade, encarando como se fosse uma simples jogada de marketing, foi quando seu show de drama começou a ficar macabro. Com um canivete, a moça passava pela pele, cortando-lhe profundamente os braços e pingando o sangue na caixa envolta com lã branca.
 Liguei para o Delegado Guerra, explicando a situação, mas este não se importou com o acontecimento, me obrigando a resolver o grande problema. Confiei a banca à Marcelo por alguns minutos e fui ao encontro da moça.
 Me aproximei da loira alta e perguntei o que ela estava fazendo. Imediatamente ela se apresentou como Carolina Menezes, ex-modelo com problemas psicológicos. Pedi para que ela abrisse a caixa, mesmo com receio de que eu poderia ser vítima de uma pegadinha.
 Um pouco envergonhada e cabisbaixa, Carolina retirou o lacre da caixa com o canivete e virou a caixa para mim, já encharcada de sangue. Com medo e querendo por um fim na história, abri a caixa que causara tantos transtornos.Encontrei dentro uma pistola, uma 38, e assim que retornei meu olhar para a mulher quase se debulhando em lágrimas ela me disse:
''Somos programados para pensarmos em nós mesmos e esquecemos dos outros. Eu tinha um sonho, ser modelo, eu realizei, mas quando acabou eu não consegui conter meu ódio e a minha mágoa. Sou culpada pela morte dos meus pais porque eles simplesmente não me apoiaram, do meu patrão por me demitir. Eu quero acabar com a minha vida já que eu acabei com a das outras por maldade, mas não posso fazer isso sozinha.''
 Foi como se o tempo tivesse parado e eu estivesse diante de um anjo clamando perdão...Horrorizada pelo passado obscuro, pelas escolhas erradas e pelo caminho mal escolhido, com uma bala acabei com seu sofrimento e depois me perguntei se valeria a pena ir presa por salvar uma alma, foi então que depois de publicar um conto sobre o anjo que me salvou, me juntei a ela.

Anna Beatriz